domingo, 29 de maio de 2022

O órgão que tocou sozinho - Mais uma história extraordinária e sobrenatural que a vida escreveu


O órgão que tocou sozinho - Mais uma história extraordinária e sobrenatural que a vida escreveu

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O piano é um instrumento musical de cordas percussivas inventado por Bartolomeo Cristofori em 1709, no qual, para a produção do som, cada tecla (peça de madeira), ao ser percutida, aciona um único martelo (peça de madeira recoberta por material macio, geralmente o feltro) que, então, toca nas cordas esticadas e presas numa estrutura rígida de madeira ou de metal… 

As cordas percutidas vibram e produzem o som, que é amplificado pela grande caixa de ressonância. Ganhou esse nome por oferecer ao instrumentista a possibilidade de um som leve ou forte na mesma tecla, dependendo da força empregada.

Por muito tempo foi o instrumento preferido das elites. O instrumento, além de ser considerado parte obrigatória da educação das mais refinadas famílias, prestava-se muito bem a saraus e reuniões, opções de convívio social adequadas à sociedade da época, e teve seu auge nos séculos 19 e 20. Por ser um instrumento caro, até por conta de seu tamanho, era ainda símbolo de status e poder, pois não era qualquer um que podia possuir um piano em casa.

Notícias dão conta de que durante todo o período do Brasil Colônia, a manutenção e até mesmo a fabricação de pianos eram entregues a artesãos. Alguns conseguiram construir pequenas fábricas, mas a pequena produção atendia apenas ao mercado regional e não fazia frente às importações de pianos europeus. No final do século 19 surgiu a primeira fábrica de pianos do Brasil, a Nardelli, em São Paulo, para competir com os instrumentos estrangeiros. Todas as peças eram importadas, e alguns modelos, todos de 85 teclas, possuíam a excelente mecânica americana Pratt-Read.

A partir daí, vários outros empreendedores, muitos deles judeus alemães que migraram para o Brasil e trouxeram na bagagem as técnicas construtivas de pianos, se dedicaram à fabricação desses instrumentos. O país chegou a ter cerca de 90 fábricas, oferecendo instrumentos dos mais variados níveis de qualidade. Marcas como Albert Schmolz, Cirei, Sohn Jeg, Natal, Lichtner, Lux, J. Hoelzl e outras surgiram e desapareceram sem deixar maiores vestígios. Outras, no entanto, se consolidaram e fizeram história.

Hoje o instrumento tem entrado em declínio, e a maioria dos fabricantes clássicos fechou as portas. Em 1909, mais de 364 mil exemplares eram vendidos por ano nos Estados Unidos. Hoje, não passam de 40 mil. Outros instrumentos tomaram o lugar e a preferência dos interessados em fazer música. Antes mais comuns, hoje os pianos são verdadeiras peças de museu.

A muito tempo atrás, na cidade de Piracicaba, Estado de São Paulo, chegou um novo vigário para comandar a Paróquia Imaculada Conceição de Vila Rezende. Era o ano de 1934 quando este padre Jerônimo Gallo, [ainda não era Monsenhor]; (1921 à 1951) resolveu ampliar a edificação da igreja, pois só tinha uma edificação de um templo só. 

Assim com a ajuda da dona Lydia Sophia de Souza Rezende e outras abnegadas paroquianas, com muito sacrifício, rifas, festas e quermesses conseguiram em 1936 concluir o tempo da antiga Igreja Imaculada Conceição, que foi benta pelo Bispo Dom João Nery.

Para unir o Templo primitivo com o Templo ampliado, o engenheiro da época fez um arco triunfal e neste arco, pintor Alessandro Wolf colocou a inscrição: "Tota pulchra es, o Maria, hic in terra sicut in caelo".

Assim que a igreja ficou pronta para receber seus fieis, Padre Gallo como era chamada  carinhosamente pelos paroquianos, resolveu comprar um orgão de tubo, semelhante ao da igreja lá de Turim, onde encontra-se Sudário de Cristo e onde ele foi ordenado padre.

Depois de pesquisar os preços, e sem condições da comunidade adquirir o orgão, pois o valor era de 1.500.000 liras italianas, cerca de 400 mil contos de reis, resolveram compra sim um orgão, porem compacto e com som semelhante aos de tubo. Este orgão era da marca Hammound, ano de 1936, fabricado nos Estados Unidos da América.

Feito a encomenda por telegrama e com o dinheiro já em mãos, só aguardava o orgão Hammound chegar a Piracicaba através da Estrada de Ferro Sorocabana, pela estação da Vila Rezende. Chegou com uma embalagem segura e direto para a Igreja Imaculada Conceição e sua primeira tecladista foi a dona Maria Eliza Manieiro, que sabia tocar musicas de piano e que teve como professora, uma das filhas do administrador do Engenho Central, dona Hasta.

Passou-se o tempo, dona Maria Eliza Maniero, faleceu e em seu lugar assumiu como tecladista a dona Bene (Benecdita Maria Dolores dos Santos Sampaio), que permaneceu ate sua morte em 1959. Assume a cadeira de organista a dona Rosa Maniero, irmã da dona Maria Eliza Maniero. Dona Rosa ficou como organista apenas uns 5 ou 6 anos, pois já era de idade e se afastou da tarefa de alegrar os paroquianos com as melodias do órgão Hammound e no seu lugar ocupou a cadeira, dona Hilda Bruzantin Gandini, que ficou até 2015 quando foi cometida por Mal de Alzheimer.

Com a demolição da Igreja Imaculada Conceição em 1968, este orgão Hammold foi transferido para o Instituto Baronesa de Rezende, das Irmãs Franciscanas.

Então o piano/orgão foi doado ao Instituto Baronesa de Rezende, colégio de Freiras Franciscanas, onde permaneceu encostado em um canto por alguns anos. Volta e meia, alunos, professores, freiras e outros funcionários eram surpreendidos com o instrumento tocando sozinho. Fala-se mesmo que um vigia da escola, após um concerto noturno assombroso, pediu demissão.

Acredita-se que o instrumento seja assombrado pelo espírito de um de seus antigos instrumentistas que, em vida, tinha muito gosto e orgulho em tocá-lo. Outros dizem ser o espírito da dona Bene e outros ainda dizer ser da dona Rosa.

Geralmente a música que se ouvia no órgão, era a "Viva a Mãe de Deus e nossa" e isso se conclui que quem conheceu a dona Rosa Manieiro, era uma das músicas que ela mais gostava de executa-la.

Só para complementar, a música "Viva a Mãe de Deus e nossa", passamos a relatar um pouco de sua criuação:

Composta em 1905, por ocasião do primeiro aniversário da romaria arquidiocesana de São Paulo ao Santuário Nacional de Aparecida (que naquela época ainda era a Matriz Basílica) e da coroação de Nossa Senhora Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil, a canção de autoria do Conde José Vicente de Azevedo é, até hoje, uma das mais famosas melodias dedicadas à Padroeira do Brasil.

Conta-se que a música foi composta em uma das viagens do Conde de São Paulo a Santos. Como não tinha papel, escrevera letra e melodia nas bordas de um jornal. Caindo no gosto e na devoção do povo, acabou se tornando a canção utilizada em outras edições da vinda da romaria paulistana a Aparecida.

Em 11 de maio de 1951, o então Cardeal Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, tornava a já tradicional melodia o Hino Oficial à Gloriosa Padroeira do Brasil, conforme decreto expedido naquela data. Desde então, a música passou a ser utilizada pelo Santuário Nacional nas celebrações marianas.

Voltando ao assunto anterior que falava do Órgão Hammound da Igreja Matriz e Paróquia da Imaculada Conceição de Vila Rezende, complementamos:

Hoje, “o órgão que toca sozinho” encontra-se em um museu da cidade, onde muitos funcionários dizem já tê-lo ouvido tocar sozinho. “Uma antiga funcionária, ouviu ele tocar. Eu nunca ouvi, se eu ouvir, vou parar de trabalhar, porque vou ficar com medo!”, brincou Mazé, coordenadora do Museu Histórico Pedagógico Prudente de Moraes.

A bem esclarecer que o piano só toca a noite e sempre as sextas feiras e sempre a mesma música "Viva a Mãe de Deus e nossa", de autoria do Conde José Vicente de Azevedo

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